Vira-Lata
Poderia até pensar que foi tudo sonho... ponho meu sapato novo e vou passear. sozinho como der. eu vou até a beira. besteira qualquer nem choro mais. só levo a saudade, morena é tudo que vale a pena.
Sunday, March 09, 2014
que não poderia durar
Meus olhos mais vermelhos que o normal denunciam. Chega aquela hora, no meio da festa, que tudo parece nonsense e as pessoas gritam, cantam, cansam, apodrecem. escrever se tornou difícil. O céu está cinza desde que eu cheguei. Poderia sapatear, mas é só tristeza, é meio difícil sorrir nesses tempos. o amor, a que será que se destina, já não sabemos que rumo tomar. Ficar? partir? amar? desiludir? Tudo parece confuso e complexo e são tantos compromissos, tanto tempo tomado, já não dá para pensar sobre aquilo que mais importa. Tomo uma dose de cachaça, minha garganta arde, eu poderia ir embora dessa festa agora, mas prefiro sofrer mais um pouco. A cada dia que passa parecemos mais deprimidos. Mas é isso né? Crescer é aquela coisa indigesta que faz a gente casar, reproduzir e morrer, quem sabe ser feliz. ou não.
Monday, August 02, 2010
sobre amor
Friday, July 09, 2010
closer
ela, que era de porcelana, sonhava com o dia em que poderia finalmente dizer aquela frase mais legal daquele filme mais legal dos últimos tempos.
'don't love you anymore... goodbye'.
porque todo mundo vinha com essa frase pra cima dela, e ela sempre acreditava que poderia esquecer um amor tão podre que já estava a ponto de cair do pé.
Um dia, reviu o filme, e achou que cabia muito mais no contexto uma outra sentença que a sentenciaria a sonhar por mais alguns minutos.
'it's only over when it's over', acreditou de novo em ilusões e rabiscou um sorriso na cerâmica da cara já gasta com o tempo.
Thursday, July 01, 2010
ladeiras
Tinha uma hora que sempre chegava, mas em que ela não acreditou. não dessa vez, porque era diferente, até a música caía diferente, como se fossem os acordes delicados pingos de chuva no chão daquela ladeira, aquela já tão longe, mas onde havia esquecido seu coração. ela fechava os olhos pra tentar esquecer, para que demorasse a chegar, para que a dor pudesse ser adiada.
mas a hora chegou no travesseiro de outro amor, ouvindo o coração bater forte.
percebeu como doía que aquele corpo nu já não fosse mais o mesmo de outrora. não queria mais o amor ou suas histórias, aquilo bem era coisa que já não mais lhe convinha.
mentira.
ainda amava loucamente um amor que nunca lhe dera nada em troca, a não ser a promessa de amá-la de volta e, mesmo sem entregar-se, a fez apaixonar-se tão loucamente a ponto de esquecer-se diariamente de toda a desilusão que esse mesmo insistente amor já causara. mas, ao acreditar que essa história infeliz longe estava de terminar, decidiu que a partir dali não lhe restava outra saída senão chorar o silêncio e se esconder debaixo do edredon em dias nublados.
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Lay your head where my heart used to be
Hold the earth above me
Lay down in the green grass
Remember when you loved me -- cibelle, green grass.
Hold the earth above me
Lay down in the green grass
Remember when you loved me -- cibelle, green grass.
Sunday, June 27, 2010
sábado
Era uma daquelas histórias de amor que já começaram dando errado, mas ele não me deixava ir embora. Me segurava na cama, dizia, 'só mais cinco minutos', e eu, como boa preguiçosa, deixava me envolver por aquele calor nas costas, beijos na nuca e a bagunça dos lençóis. E me amava baixinho, mesmo sabendo que eu era uma daquelas histórias que davam errado - e ainda hoje me pergunto como foi que deu certo. Sobre o não-amor, o que me explicaram é que, quando nos sábados de manhã, céu cinza, calor lá fora e a preguiça na cama, uma conversinha no pé do ouvido nos faz sem querer se apaixonar. Sem querer o querer, mas já o querendo, foi assim que eu quis aquele querer infindo e preguiçoso das manhãs de sábado.
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Era uma daquelas histórias de amor que já começaram dando errado, mas ele não me deixava ir embora. Me segurava na cama, dizia, 'só mais cinco minutos', e eu, como boa preguiçosa, deixava me envolver por aquele calor nas costas, beijos na nuca e a bagunça dos lençóis. E me amava baixinho, mesmo sabendo que eu era uma daquelas histórias que davam errado - e ainda hoje me pergunto como foi que deu certo. Sobre o não-amor, o que me explicaram é que, quando nos sábados de manhã, céu cinza, calor lá fora e a preguiça na cama, uma conversinha no pé do ouvido nos faz sem querer se apaixonar. Sem querer o querer, mas já o querendo, foi assim que eu quis aquele querer infindo e preguiçoso das manhãs de sábado.
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Tuesday, June 08, 2010
arrête là, menina
Ando nua pela casa porque tenho preguiça de me vestir. Tenho preguiça de definir meu humor, decidir minhas indefinições, escolher com que música dançar. Prefeiro pegar o carro e correr até teus lábios. quando éramos, andávamos pelados pela casa, exibindo curvas duvidosas, pele sobrando e um pouco de sensualidade. ainda nos amávamos, e era tão bonito porque aquelas bundas passeavam por todos os metros quadrados sem vergonha e isso significava tanto pra nós como tomar um café e jogar conversa fora na mesa da cozinha. naquele outro dia, quando voltei lá, fazia frio e você me cobriu. não andamos mais nus por aí porque já não nos sentimos mais bem. aliás, não nos sentimos, eu não me sinto, nem sei mais o que sou e não sei escolher roupas ou sapatos ou a maneira de me comportar diante do nosso fim. eu prometo por toda minha vida ser somente tua, eu cantei, você no piano, o encontro de duas peles nuas quentes. era mentira. mentira porque eu nunca soube que nunca teria a oportunidade de entender porque não somos mais dois, e agora só corpos cobertos trabalhando, andando pelas ruas lotadas, amanhecendo nas xícaras de café, correndo para pegar ônibus. eu não gosto dessa realidade, da vida cotidiana, do barulho dos carros. eu gosto de imaginar domingos sentados na chão da sala, despidos em cima do tapete, ouvindo aquela música suave e baixinha, pode ser dave brubeck, pode ser cibelle, você escolhe, chove e entra pela janela uma luz úmida e difusa como nosso amor. imagino também leves toques no piano, eu canto, você me ama, e vivemos os dois simbioticamente sem roupas e sem os pesadelos da rotina.
mas anda muito difícil sentir. esboçar qualquer sentimento, sentir, sabe, aquela coisa que aperta o coração e depois você sente quente dentro. não sinto mais, cortei meus cabelos, minhas unhas e fui embora já sem o coração: deixei nu, sobre o piano, dentro de uma xícara de café, todo pra você, mas agora quero de volta - me mande no primeiro ônibus que puder, ok? e venha junto. sem os compromissos da rotina, sem indefinições, sem tristezas guardadas e - principalmente -sem roupas.
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