Tuesday, May 11, 2010

sobre saboneteiras

dentro do quarto estava um pouco quente, mas lá fora chovia, chovia e chovia. Há uma semana, os dias eram molhados e o centro mais e mais sujo. Mas era uma manhã de sábado e ele disse que não acreditava em histórias de amor, sendo aquela uma das tais, que terminasse, e emendou um grito feio no fim da frase para fazer efeito. Funcionou, tanto que ela foi embora e deixou um buraco do peito dele. Mas não havia escolha; decidido, acabou.
O banheiro da casa era grande e mal iluminado. Gostava do banho quente, muito quente, "porque é mais gostoso", e ao buscar pelo sabão, encontrou aquela saboneteira branca e suja com aquele maldito sabonete de morango dentro.
A saboneteira era dela - e era ela, ali, desmoronando-o.
No estômago, sentia aquela sensação estranha, como se as borboletas todas resolvessem voar juntas pra bem longe dali. Fechou os olhos, sentiu a água cair e pensou: 'maldita cerveja'. Era só ressaca.
Guardou a saboneteira suja na gaveta e colocou um Lux na prateleira do box.

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2 comments:

Priscila Milanez said...

muito bom, Luiza!! Não sabia q escrevia! =) Bom ter vc lá entre os meus tb! rs beijos, bonita!

Dú Prado said...

Antes mesmo que ele usasse o sabonete, o perfume dela já estava ali, impreguinado nas lembranças. Tenho certeza.

Gostei daqui.
=)
duhprado.blogspot.com