Monday, May 24, 2010














17.04

"As pessoas são uns lindos problemas" (sérgio sampaio)

Voltou a chover na nossa pacata ilha.
Numa dessas tardes meio frias, foi até a prateleira de discos e - coincidentemente - encontrou seu mais novo estado de espírito estampado na capa de um cd:
Hoje não!
Era mais fácil lembrar da saudade e esquecer-se dos lindos problemas, mas nesses dias difusos as coisas parecem bem mais complicadas...
Derramou uma xícara e café sobre suas promessas, sujou a mesa de vontades e correu para dar o play. Sentada no piso frio podia sentir chegar a solidão, que, hoje sim, viraria sua única companheira para as noites vazias.

Tuesday, May 11, 2010

sobre saboneteiras

dentro do quarto estava um pouco quente, mas lá fora chovia, chovia e chovia. Há uma semana, os dias eram molhados e o centro mais e mais sujo. Mas era uma manhã de sábado e ele disse que não acreditava em histórias de amor, sendo aquela uma das tais, que terminasse, e emendou um grito feio no fim da frase para fazer efeito. Funcionou, tanto que ela foi embora e deixou um buraco do peito dele. Mas não havia escolha; decidido, acabou.
O banheiro da casa era grande e mal iluminado. Gostava do banho quente, muito quente, "porque é mais gostoso", e ao buscar pelo sabão, encontrou aquela saboneteira branca e suja com aquele maldito sabonete de morango dentro.
A saboneteira era dela - e era ela, ali, desmoronando-o.
No estômago, sentia aquela sensação estranha, como se as borboletas todas resolvessem voar juntas pra bem longe dali. Fechou os olhos, sentiu a água cair e pensou: 'maldita cerveja'. Era só ressaca.
Guardou a saboneteira suja na gaveta e colocou um Lux na prateleira do box.

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Sunday, May 09, 2010


bate uma saudade dessa vista.

uma vez,

lembra?

você lembra? aquela pergunta que faço todos os dias, "queria que você entendesse a falta que me faz ouvir sua voz", ninguém nunca entende nada do que eu digo!
São dias corridos, amontoados um em cima do outro.
eu disfarço minha falta com olhares furtivos e amores vazios. disfarço minha rotina, escondo as horas vulgares. nem assim...

lembra?
escrevíamos coisas loucas todo o tempo, você gostava de não brigar comigo e me ver chorar no fim de noite. gostava pelo exagero na repetição, não gostava? eu lembro que era sempre sábado a tarde, e nós tomávamos banho de cachoeira... lembra, agora não mais um dia tão longe, dois, três meses atrás, lembra?

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vem no vento, vem no vento
pensa na beira do mar
me deixa chegar
que venham as flores, o cheiro de mar
(cibelle)