Thursday, July 01, 2010

ladeiras

Tinha uma hora que sempre chegava, mas em que ela não acreditou. não dessa vez, porque era diferente, até a música caía diferente, como se fossem os acordes delicados pingos de chuva no chão daquela ladeira, aquela já tão longe, mas onde havia esquecido seu coração. ela fechava os olhos pra tentar esquecer, para que demorasse a chegar, para que a dor pudesse ser adiada.
mas a hora chegou no travesseiro de outro amor, ouvindo o coração bater forte.
percebeu como doía que aquele corpo nu já não fosse mais o mesmo de outrora. não queria mais o amor ou suas histórias, aquilo bem era coisa que já não mais lhe convinha.
mentira.

ainda amava loucamente um amor que nunca lhe dera nada em troca, a não ser a promessa de amá-la de volta e, mesmo sem entregar-se, a fez apaixonar-se tão loucamente a ponto de esquecer-se diariamente de toda a desilusão que esse mesmo insistente amor já causara. mas, ao acreditar que essa história infeliz longe estava de terminar, decidiu que a partir dali não lhe restava outra saída senão chorar o silêncio e se esconder debaixo do edredon em dias nublados.
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Lay your head where my heart used to be
Hold the earth above me
Lay down in the green grass
Remember when you loved me -
- cibelle, green grass.

2 comments:

Priscila Milanez said...

às vezes, moça, o melhor é mesmo partir. Saber a hora de partir. beijo, linda

G. Brant said...

Adorei!